Templates da Lua

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Choram-se e culpam-se toda a sútil classe média e alta quando assistem pela tv, ou lêem estatíticas monstruosas em jornais com fotos de crianças de rua e matéria completa sobre a vida da classe pobre carioca. Da classe pobre mundial. Espantam-se e perplexos ficam com a capacidade humana de passar todos os dias pela larga Av. Rio Branco, pelos calçadões cariocas tão sensacionalistas, ficam perplexos com a capacidade humana de parar com um carro em frente a um semáforo com luz vermelha e assistir os invisíveis meninos de rua ali, dançando bolinhas de tenis entre as mãos. E espantam-se quando são eles mesmo que arrancam com os carros sem nem ao menos olhar pelo retrovisor a criança sentar no meio fio contando as moedas de dez, vinte ou cinquenta centavos que lhes foi dada. Punem-se mentalmente e martirizam-se piamente até hora em que vão dormir. Fazem uma avaliação exata do que está acontecendo com o mundo, perguntam-se e avaliam-se para eles, sobre o que poderiam fazer de melhor. Daí surge a palavra mágica mais destruidora de todos os tempos. Governo. 'É culpa do governo, que não aplica o dinheiro em obras sociais, é culpa do governo corrupto que gasta verba da segurança com benefícios próprios, é tudo culpa do governo'. Alguém já disse que algo atual, como por exemplo o aquecimento global ou a crise econômica é culpa de Deus? Ou dos Et's? Dos fantasmas? É muito mais fácil culpar o que já está afundado do que o que não é unânimo, afinal, nem todo mundo crê em Deus, nem todo mundo acredita em et's ou muito menos vêem fantasmas. Mas qual governo não falhou? Está afundando. Ainda assim sabendo que nem todos acreditam, pseudo-salvadores pedem a Deus que olhe pelas crianças, que elas possam ter cultura suficiente pra saberem e um dia lerem sobre o que são et's e que amanhã seja um novo dia sem os fantasmas de uma sociedade acovardada consigo. No dia seguinte param no mesmo sinal, da mesma rua, apenas entediados com o fato dos semáforos fraudulentos estarem atrasados ou adiantados, também atravessam amedrontados os calçadões ao verem um bando de pivetes se aproximar, no dia seguinte é apenas o dia seguinte. Toda sociedade invísivel acabou junto com o programa que exibiu o documentário sobre tal, porque ela é apenas e imensamente invisível, porque ela é a audiência da novela e da sua emissora favorita. Se ela a usa, você a abusa, é simples e cíclico, "eterno e transitório".

terça-feira, 12 de maio de 2009

Respeito.

Independente da época qualquer um de nós, em situações semelhantes ou distintas já foi desrespeitado. E também independente da época todos nós já desrespeitamos alguém, talvez nem sempre propositalmente, ou diretamente... Mas desrespeitamos. O que é desrespeito pra você? O mesmo que pra mim? Jamais, ou talvez sim por que não? A questão é a diversidade, o que eu interpreto como desrespeito pode ser só mais uma brincadeira pra você, ou vice-versa. Ninguém é obrigado a compactuar com os gostos de ninguém. Ninguém é obrigado a saber da vida nem opinar na vida de ninguém. Mas se eu gosto de A, você discorda porque se não for do seu gosto tá errado, tá imoral, é ridículo, é incômodo e uma catástrofe se não concordarem com você. Porque se eu gosto de fulano e você não gosta eu não vou nem sequer encostar em você. Infantilidade. Desrespeito. Preconceito. Se alguém parasse pra refletir sobre tudo que há de igual nessas três palavras e tudo que há de diferente na humanidade já seria um avanço, pois essa tese em si já é controversa. Já viu urso polar comendo pinguim? Tudo questão de pólos, tudo questão de saber que o outro é o outro e ninguém quer ser igual a ninguém, pelo menos não mentalmente. Você respeita e nem sempre é respeitado, você desrespeita sem ser desrespeitado. Em troca de que? Não é criticando que você expõe suas opiniões e/ou as fazem ser aceitas, não é desrespeitando o gosto do outro que você vai fazer com que o seu predomine... Até porque um mundo inteiramente homogêneo seria monótono, quero mais diferença, quero mais opinião, mais respeito mútuo, mais gente pra viver.